sexta-feira, 5 de junho de 2009

Crise Cultural

[Baterista talarica, colega de música] - Uaaaau... linda música. Mas é sua???
[Eu] - É, é sim.
- Melodia, Harmonia, Letra, Arranjos?
- Também. Minha.
- Fez pra alguém especial, namorada, amigo? (sorrisinho maroto)
- Talvez. Realmente ainda não sei. Acho que eu queria guardar o momento.
- Humm... E você não tinha uma câmera na hora pra isso?
- (risadinha educada para pergunta idiota) Não, eu não tinha.
- Os celulares já foram mais úteis, né... (risadinha inútil)
- Os bateristas também, não me restam dúvidas.
- (Olhar vago de "captando a mensagem").
- Então beleza, vou indo nessa.
- Tá certo. Nos vemos. Qualquer trampo, me liga.
- É!... É melhor não!

:: Diálogo olhos nos olhos ::


Como pode um instrumentista ser apenas um instrumentista?! A pessoa porta uma carteirinha da OMB, teve de estudar numa faculdade para "comprar talento" (hoje em dia vendem até a mãe se for preciso) e quer se sobressair com este mísero 'benefício'? Primeiramente, faculdade de música é a mesma coisa que entrar numa faculdade de sentimento, de sensibilidade, de amor, de raiva. Não existe! Arte é simples e puramente SENTIMENTO. É saber sentir, é saber o momento, a palavra, o arranjo certo para aquela frase de impulso. É ser honesto ao se expressar e não ser mais um. Mas neste mundinho capitalista em que se vende até curso de Telemarketing, meu caro, não poderia ser menos comum.

Quem tem talento, nasce e morre com ele. Minha maior indignação fica por conta de "músicos, cantores, intérpretes" que o fazem por status. Por se sentir mais importante num palco, ou simplesmente pelo prazer daquele momento de descer de um palco regado por aplausos, ser perseguido no camarim, a boemia e tudo mais. Tem os que fazem para pegar mulher, parece que a pessoa se torna mais bonita no palco, dentro de um carrão ou na televisão ao lado de alguma gostosa.

É trágico! A Crise Cultural é uma grande tragédia. O Caos Cultural. Qualquer atorzinho é ator, qualquer cantorzinho de boteco é cantor, qualquer desenhistinha de vaso de flor e peixinho em mosaico é artista plástico, qualquer bateristinha universitário é músico, qualquer poetinha à lá McGonagall é poeta, até o dançarininho da Tunnel é dançarino em um minuto.

Eu concordo com alguém que um dia deixou registrada a frase: "A arte morreu e/ou Tudo virou arte".

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Era 1982 quando, em uma das últimas entrevistas da Elis Regina, alguém diz que ela está cantando cada vez melhor, mas que o repertório está pior, decadente. E ela diz que canta o que tem para cantar e que naqueles tempos não tinha muita coisa de interessante mesmo, não.

Faltavam 3 anos para eu nascer quando Elis já sentia isso. Cerca de 26 anos atrás. Penso nela viva hoje.

Um comentário:

  1. Hoje a crise não afeta apenas o mundo audiovisual. Quem já tentou ler nosso amigo Paul Rabbit (Paulo Coelho)sabe do que estou falando, temos capítulos e mais capítulos com erros infantis de ortografia e frases totalmente sem sentido,no entanto, Rabbit esta aí como membro da loucademia brasileira de letras e vendendo mais que panetone no natal!

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